Chico Buarque de Hollanda, o aclamado dramaturgo, escritor e compositor, celebra nesta quarta-feira seus 80 anos em Paris, ao lado de sua família. Com uma carreira que abrange mais de cinco décadas, Chico deixou um legado impressionante que inclui 537 músicas, 1.302 gravações e 50 álbuns em várias formas, desde colaborações até gravações em estúdio e ao vivo. Além disso, ele também se aventurou em outras artes com quatro peças teatrais, uma novela curta, um livro de contos e seis romances, sendo o próximo intitulado “Bambino a Roma”, previsto para ser lançado em agosto.

A vasta obra de Chico tem sido objeto de mais de uma dúzia de livros, incluindo aqueles escritos por Adélia Bezerra de Meneses, uma renomada professora de teoria literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade de São Paulo (USP). Entre suas obras está “Chico, Buarque ou a Poesia Resistente – Ensaios sobre as Letras de Canções Recentes”, que está atualmente em processo de finalização.

Adélia Bezerra de Meneses não é apenas conhecida por seu trabalho acadêmico, mas também por seu engajamento como ativista estudantil nos anos 60, dedicando-se à alfabetização de adultos utilizando o método de Paulo Freire em uma comunidade operária em Osasco. Além disso, ela participou com grande paixão das reuniões da Ação Popular (AP) e dos festivais de Música Popular Brasileira (MPB) no Teatro Paramount (TV Record). Ela obteve seu mestrado e doutorado sob a orientação de Antonio Candido, professor do Departamento de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP). Sua pesquisa culminou em uma tese que se tornou o livro “Desenho Mágico – Poesia e Política em Chico Buarque”, vencedor do Prêmio Jabuti 1982 na categoria de Ensaio.

Em entrevista à Agência Brasil, Adélia destacou a importância de estudar as letras das músicas de Chico Buarque sob uma perspectiva literária. Em suas palavras, “nem toda letra de música pode ser tratada como um poema, mas as canções de Chico apoiam esse enfoque”. Ela enfatiza que não se trata apenas de analisar as letras, mas de entender como a obra de Chico se entrelaça com a ‘poesia de resistência’, abordando temas que vão desde o lirismo nostálgico até a crítica social, sem se limitar exclusivamente ao explícito.

O novo livro de Adélia Bezerra de Meneses promete trazer novas perspectivas sobre a obra de Chico Buarque, explorando como sua arte ressoou ao longo das décadas e continua relevante no contexto cultural e político atual.

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